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O Elo Perdido: Por que razão as empresas têm Dados mas não têm Estratégia

Vivemos um paradoxo empresarial. Nunca as organizações investiram tanto em infraestrutura de dados, software de análise e equipas de Data Science. No entanto, a maioria das decisões estratégicas continuam a ser tomadas com base na intuição, na experiência passada ou na hierarquia.

Temos empresas ricas em dados, mas pobres em insights.

Este fenómeno não se deve à falta de tecnologia nem à falta de competência técnica. Deve-se a uma falha estrutural de comunicação. Existe um “elo perdido” entre quem extrai os dados e quem precisa deles para decidir. Enquanto esta ponte não for construída, o investimento em Big Data será apenas um centro de custos, e não uma vantagem competitiva.

A Crise de Tradução

O problema central reside no facto de as duas metades da empresa falarem línguas diferentes.

De um lado, temos os Cientistas de Dados e Engenheiros, focados na precisão dos modelos, na limpeza dos datasets e na complexidade algorítmica. Do outro, temos os Gestores e Diretores, focados no ROI (Retorno do Investimento), na quota de mercado e na eficiência operacional.

Quando estas duas realidades se encontram sem um interlocutor comum, o resultado é frustração. A equipa técnica produz relatórios sofisticados que a gestão não compreende ou não sabe aplicar e a gestão faz pedidos vagos que a equipa técnica não consegue traduzir em código.

Do “Como” para o “Para Quê”

A Ciência de Dados aplicada ao negócio inverte a lógica tradicional. O foco deixa de estar na ferramenta para passar a estar no problema de negócio.

O mercado está saturado de profissionais que sabem executar o “como” , isto é, escrever código em Python ou R. O que escasseia dramaticamente são os profissionais que sabem definir o “para quê”.

Saber programar um algoritmo de previsão de vendas é uma competência técnica. Saber quais as variáveis de mercado que influenciam essas vendas e como usar essa previsão para ajustar a estratégia de stock é uma competência de negócio. É nessa interseção que o valor real é criado.

O Novo Perfil: O Gestor Híbrido

Para resolver este impasse, as empresas procuram um novo perfil profissional. Este profissional não precisa de ser um programador de elite, nem um gestor generalista. Precisa de ser um híbrido. Alguém com a literacia de dados suficiente para saber o que é tecnicamente possível pedir a um algoritmo, e com a visão estratégica necessária para transformar uma tabela de números numa recomendação de negócio acionável.

Este é o profissional que consegue olhar para um dataset e ver não apenas linhas e colunas, mas sim comportamentos de consumo, falhas operacionais e oportunidades de lucro.

A Tecnologia como Ferramenta de Decisão

A democratização da Ciência de Dados significa que esta competência já não pode ficar restrita ao departamento de TI. O Marketing, as Finanças, os Recursos Humanos e as Operações precisam de autonomia analítica.

Foi com o objetivo de formar este perfil híbrido e estratégico que a Autónoma Academy, em colaboração com a Claranet Portugal, desenvolveu a Pós-Graduação em Data Science Applied for Business. Um programa desenhado não para formar informáticos puros, mas para dotar gestores e analistas das ferramentas técnicas necessárias para liderar numa cultura orientada a dados, fechando finalmente o fosso entre a tecnologia e a decisão.