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A Transformação Digital no Mundo Notarial

Celebrar uma escritura de compra e venda online parecia algo futurista há alguns anos, mas tornou-se a realidade dos dias de hoje. A evolução foi tão rápida que ainda estamos a processar o impacto.

Ganhámos uma eficiência que seria impensável há uma década. Agora é possível fechar negócios com intervenientes em fusos horários diferentes e poupar-se tempo em deslocações. A tecnologia tornou-se a facilitadora máxima do negócio.
Mas, passada a euforia da novidade, a pergunta que começa a surgir é o que ficou para trás nesta transição digital?

O Fim do “Sensor Humano”

Por outro lado, passa-nos despercebida a erosão de uma das ferramentas mais importantes (e menos faladas) da profissão: o “sensor humano”. A essência do ato notarial não é o papel assinado, é a “fé pública” depositada no profissional que o valida.
Essa fé sempre se baseou na capacidade de “ler o cliente”.
O cliente está hesitante? Está a assinar de livre vontade? Compreende realmente as implicações daquela cláusula de renúncia?
Um ecrã, por vezes com uma ligação de internet instável, torna esta avaliação um perigoso exercício de adivinhação.
O maior “ponto cego” é literal: o que se passa fora do campo da câmara? Como podemos garantir que o cliente não tem alguém ao seu lado, fora do ecrã, a coagi-lo ou a ditar-lhe o que fazer? A presença física era a nossa maior segurança contra a coação.

Eficiência vs. Aconselhamento

O digital é rápido e o cliente aprecia esta qualidade. A combinação faz com que a pressão pela eficiência se sobreponha facilmente à necessidade de rigor.
Onde fica o tempo para explicar, com calma, o que significa realmente aquela cláusula de fiança no contrato de mútuo? Onde fica a pausa para discutir as implicações fiscais de uma partilha?
Quando a tecnologia arrisca transformar um ato solene num “fast-food” jurídico, todos perdemos. O cliente perde o aconselhamento, o profissional perde o seu valor acrescentado, arriscando-se a ser visto como dispensável.

A Nova Geração de Riscos

Uma mudança estrutural aconteceu e, com ela, os riscos não desapareceram, apenas se transformaram.
E se a ligação à internet cair exatamente durante a leitura da escritura? O ato é considerado válido? É nulo? Anulável?
Estas não são questões teóricas, são problemas práticos que um profissional tem de resolver, sozinho, com o cliente em pânico do outro lado do ecrã. A responsabilidade civil e profissional mudou de forma.

A Importância do Rigor

A tecnologia é uma ferramenta fantástica. Mas, tal como um bisturi, nas mãos de quem não tem a formação prática e a metodologia correta para o usar, pode ser perigosa. É uma prova de que o digital não pode substituir a interpretação, o aconselhamento e a capacidade de antecipar o litígio.

Domine estas Novas Ferramentas

A Prática Notarial entrou numa nova era de complexidade, onde o digital, o fiscal, o civil e o regulatório colidem a alta velocidade.

Identificar estes novos desafios, dominar as ferramentas e transformar a complexidade em oportunidade e confiança são os nossos principais objetivos.

A Pós-Graduação em Direito e Prática Notarial foi desenhada exatamente para responder a esta realidade complexa. Ensinamos a teoria, mas focamo-nos na metodologia prática para aplicar essa teoria nos cenários concretos e difíceis de hoje.