Gestão de Projectos: Entrevista a Miguel Carvalho e Melo
A Autónoma Academy esteve à conversa com Miguel Carvalho e Melo, o coordenador do MBA em Gestão de Projectos, para conhecer quais são os actuais e novos desafios para os profissionais desta área.
Saiba quais são os requisitos essenciais, os maiores erros e a visão para o futuro do ex-presidente e actual Director de Relações Internacionais da APOGEP – Associação Portuguesa de Gestão de Projectos e Director Executivo da GPM – Green Project Management.
Qual é o papel do Gestor de Projectos?
O Gestor do Projecto é o maestro da orquestra formada pelos elementos da equipa do projecto, pelo que deve garantir que esta orquestra trabalha de modo coordenado, em harmonia e de modo a conseguir produzir música (o projecto) em vez de barulho. É responsável e responsabilizável por tudo o que acontece num projecto.
Para quem está a começar na área de Gestão de Projectos, qual seria o seu maior conselho?
Existem muitas abordagens, frameworks, metodologias e standards. Não se foquem numa só. Não existe uma, que seja melhor do que as outras. Todas são ferramentas e quanto mais recheada estiver a nossa caixa de ferramentas, melhor apetrechados estaremos para dar resposta às particularidades de cada projecto. A pessoa que tem como única ferramenta um martelo, tudo na vida lhe parecem pregos.
Na sua opinião, quais são as três qualidades ou requisitos imprescindíveis para iniciar uma carreira em Gestão de Projectos?
É muito difícil escolher apenas três, entre tantas imprescindíveis, mas as mais importantes são, sem dúvida, a resiliência, a capacidade de comunicação e a empatia.
E quais são os maiores erros no desenvolvimento de um projecto?
O primeiro é pensar que a primeira coisa necessária para gerir um projecto é uma boa ferramenta de software. Qualquer software deve ser visto como uma ferramenta de suporte, a qualquer coisa que tem de existir à priori. Neste caso, uma metodologia de Gestão de Projectos.
A segunda é pensar que, uma vez, dada a autorização para o projecto avançar, não há necessidade de continuar a “vendê-lo”. A “venda” do projecto deve ser contínua, desde o início até ao fim. E é fundamental garantir o suporte hierárquico ou institucional.
Um projecto sem riscos é um projecto em risco. E a gestão dos riscos não pode ser qualquer coisa que se faz no início e depois se arruma na gaveta. Deve ser contínua, ao longo de todo o projecto.
Como surgiu o MBA em Gestão de Projectos?
Começou em 2004, com o convite da Dr.ª Márcia Trigo para criar, na então Escola de Gestão & Negócios da UAL, uma pós-graduação executiva em Gestão de Projectos & Liderança. O sucesso e a experiência obtida com este curso levou-nos a duplicar a duração e a transformá-lo num MBA Executivo. A 10.ª edição, que está a decorrer, é a primeira a incorporar a componente da Sustentabilidade na Gestão de Projectos, incluindo o respectivo exame de certificação internacional.
O que os alunos podem esperar deste MBA?
Uma muito elevada percentagem de ex-alunos deste curso afirmam, que foi um momento marcante das suas vidas e, em muitos casos, transformador. É comum encontrar ex-alunos que, passados anos, dizem que continuam a utilizar, muito do que aprenderam no curso, no dia-a-dia e nos mais diversos contextos. Outros, tendo começado o curso numa situação de desemprego, antes do seu final, já estavam a escolher entre diversas oportunidades. Por fim, foram ainda vários os que, passado pouco tempo, se aventuraram a criar os seus próprios negócios. Não sendo um curso de empreendedorismo, o nível de desenvolvimento de competências técnicas e relacionais (comportamentais) deu-lhes a capacidade e, sobretudo, a confiança para avançarem e mudarem de vida.
Estima-se um aumento de Projectos na área da sustentabilidade. Qual é o impacto que os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) têm na Gestão de Projectos?
Nenhum! Os projectos é que têm sempre um impacto, positivo ou negativo nos ODS. A questão é que, na generalidade dos casos, esse impacto não é antecipado, avaliado e gerido. Mas isso é uma das coisas que ensinamos os nossos alunos a fazer. Felizmente, cada vez mais organizações começam a olhar seriamente para as questões relacionadas com a sustentabilidade. Infelizmente, fazem-no quase sempre apenas no que se refere às suas operações. No entanto, quase tudo o que se faz numa qualquer organização, ou é um projecto, ou nasceu de um projecto. Consequentemente, não faz sentido as organizações estarem a reivindicar as boas práticas de sustentabilidade nas suas operações, quando a montante tiveram projectos que foram tudo menos sustentáveis.
Foi presidente da APOGEP (Associação Portuguesa de Gestão de Projectos) e é EMEA Executive Director da GPM – Green Project Management. O que mudou em 25 anos nesta área?
Quase tudo. No início da década de 80, no século passado, a Gestão de Projectos pouco mais era do que um conjunto de técnicas usadas por alguns profissionais em grandes projectos. Tipicamente, grandes projectos de construção, industriais e militares. Foi mesmo nesse contexto que, nos anos 50 e 60, nasceram o PERT e o CPM, técnicas ainda hoje usadas, na sua forma pura ou nalguma das muitas variantes a que deram origem.
No final dos anos 80, começou a constatar-se que o que faz verdadeiramente a diferença entre um projecto bem ou mal sucedido são as pessoas. E começou a surgir, cada vez mais, investigação e literatura acerca do factor humano nos projectos. Actualmente, quando se fala em Gestão de Projectos, as hard skills são indissociáveis das soft skills. É essa a abordagem da IPMA – International Project Management Association, que no seu standard ICB – Individual Competence Baseline, identifica o conjunto de competências essenciais a um Gestor de Projectos, em três domínios: competências do domínio da prática, das pessoas e da estratégia.
Por fim, com o virar do século, as chamadas metodologias ágeis começaram a ganhar uma preponderância, cada vez maior, especialmente no sector das Tecnologias de Informação.
Sobre Miguel Carvalho e Melo
Ex-presidente e actual Director de Relações Internacionais da APOGEP – Associação Portuguesa de Gestão de Projectos e Director Executivo da GPM – Green Project Management.
Sócio fundador da Pomegranate, empresa especializada em consultoria e formação em Gestão de Projectos, foi criador de duas software-houses e foi Partner da Bright Partners, empresa de consultoria especializada em PPM (Project and Portfolio Management) e Director-geral da Bright Academy, empresa de formação do Grupo Bright Partners.
Durante 10 anos, foi docente na Universidade Lusíada, em Investigação Operacional e Gestão de Projectos, no curso de Matemáticas Aplicadas. Criou e coordena o MBA Executivo em Gestão de Projectos, na Autónoma Academy, e é responsável por módulos de Gestão de Projectos, em diversos MBAs, Pós-Graduações e Mestrados.
Tem mais de 25 anos de experiência de formação profissional em Gestão de Projectos, em Portugal, França, Reino Unido, Suíça, Angola e Brasil, em português, francês e inglês, sendo certificado pela IPMA-APOGEP, pela GPM e pelo PMI. Tem integrado diversos Projectos e grupos de trabalho da IPMA – International Project Management Association, sendo perito da comissão técnica da ISO para a normalização em Gestão de Projectos, Programas e Portefólios.
MBA em Gestão de Projetos
O MBA em Gestão de Projectos, da Autónoma Academy, resulta da experiência acumulada, ao longo das suas 10 edições.
O MBA tem uma abordagem pedagógica de formação experiencial, direccionada para o desenvolvimento de competências:
• Assenta num caso prático de desenvolvimento de um projecto sustentável de A – Z
• 23 Módulos integrados e coordenados
• 10 Professores disponíveis para apoiar os projectos dos grupos
• 4 Simulações na presença dos 10 professores
• Abordagem integrada das competências individuais focadas nas pessoas, nas práticas e na perspectiva
• Equipas de projecto heterogéneas e metodologia pedagógica para desenvolvimento de competências e não apenas para a aquisição de conhecimentos
• A cada aluno é atribuído um professor como tutor para dar acompanhamento e apoio
Certificações profissionais incluídas no curso:
1. IPMA-APOGEP : Nível D – Certified Project Management Associate
• IPMA – Internacional Project Management Association
• APOGEP – Associação Portuguesa de Gestão de Projectos
2. GPM : GPM-b – Certified Green Project Manager Level b
• GPM – Green Project Management
Certificação profissional opcional
1. PMI : PMP – Project Management Professional
• PMI – Project Management Institute